terça-feira, 8 de setembro de 2009

Médica de plantas

Era um jardim de muitas flores, de muitas plantas. Dois jardinzinhos separados pela rampa que dava acesso a varanda. Tinha roseiras, a grama verdinha e numa banheira redonda com pés de jacaré (meu avô aproveitava todo lugar para plantar) reinava um cactos de vários caules finos e espinhos nas pontinhas. Era um cactos diferente de outros que não trago boas lembranças. Esses era só passar perto que a roupa e a pele se enchia de espinhos. Esse não...os espinhos ficavam lá na deles. Mas esse cactos quando cortado esguichava um leite brando, uma resina. Então a brincadeira escondida do avô e de todo mundo era cortar o cactos e brincar de médica. Fazia de conta que ele tinha se machucado, que o leite era sangue e limpava com água, fazia curativos com pano, fazia incisões profundas. Arrancava os espinhos que eram cacos de vidro de algum acidente. Eu era uma médica competente, nunca deixei morrer o paciente. Apenas o deixava mutilado, mas livre de suas "doenças". Depois limpava tudo, tratava de esconder os pedaços cortados e quando o avô perguntava quem tinha feito aquilo com o cactos fazia cara de paisagem. Tão boa essa menina ...A banheira parecia com essa, só que era preta por fora e branca por dentro.

0 comentários:

Postar um comentário

Faça parte dessa estória