Meu olho cumprido estava fixado na caixa de presente que meu pai trazia nas mãos. Eu jurava que o presente era pra mim. E pedi, tornei a pedir, implorei, fiz manha, enchi o saco. E ele falou assim que ia me mostrar, mas que o presente não seria para mim. Quando abriu a caixa vi a coisa mais linda que uma menininha poderia ver. Uma boneca delicada, de olhinhos puxadinhos, com um cabelo de seda preso numa finíssima e transparente rendinha, com um boca pintada de vermelho. A bonequinha estava sentada de pernas cruzadas num banquinho e debaixo desse banquinho tinha uma chave que girava e começava a tocar uma música linda. Entrei em êxtase e só queria o presente para mim. Ele falou que não era para mim, que como eu tinha estragado a surpresa o presente seria para minha mãe. Eu não acreditei mas na noite de natal vi o presente sendo entregue para ela e por um momento sei que morri. E continuei a morrer todas as vezes que abria o armário, naquela parte lá de cima onde se colocam coisas para serem esquecidas e via a caixa da bonequinha com ela dentro. Minha mãe não gostou do "meu" presente...
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