Quando eu estava para nascer, uma prima do meu pai, bem jovenzinha ainda, veio ajudar minha mãe com a neném que ia nascer e nunca mais quis ir embora. Encantou-se com a cidade grande e suas infinitas possibilidades. Assim, Ailza passou a ser minha irmã de criação. Morou por mais de quinze anos com a gente e só foi embora depois que se casou. Lembro de descer à noite para o quarto da empregada e assistir horrorizada Ailza colocar os longos cabelos na tábua e passar o ferro morno neles. Tinha pavor que ela queimasse a cabeça e ficasse careca. O mesmo pavor que me acompanha ainda hoje quando eu vejo no salão alguém passando chapinha nos cabelos...
Coração maldito
Há 11 anos







