terça-feira, 28 de julho de 2009

Puxa-puxa

Pro calor que fazia em Governador Valadares o mais certo é que o vendedor de picolés fosse o preferido da turma. Mas não era bem assim...Quem fazia sucesso mesmo era o vendedor de pirulitos puxa-puxa que se fazia anunciar por uma buzina insistente e escandalosa. Eu e minha prima Jack assim que escutávamos o barulho, corríamos a assaltar a primeira bolsa que víssemos pela frente. Só algumas moedinhas...O gosto em si não era pelo pirulito, apenas uma massa de açúcar queimado que grudava nos dentes e que quando puxado fazia um fio enorme que melava tudo, mas sim por poder tocar a buzina sem parar. E íamos atrás do vendedor por uma dezena de quarteirões "auxiliando"o pobre coitado na sua labuta.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pequeno pônei

O cavalinho foi um presente do avô para os netos, que nunca mediu esforços para fazer a meninada feliz. E como eram todos ainda muito pequenos optou por um pônei pequenininho, recomendado pelo dono por ser muito manso. Foi uma festa quando ele chegou, os meninos todos querendo montar e também passear na charretinha que veio com ele. Até a bisavó cismou em dar uma voltinha no lombo dele. A alegria durou pouco... Já na segunda semana ele não se mostrou tão manso assim. Na terceira mandou pro chão quem se atreveu a montar nele e ainda distribuiu uns bons coices. Chamaram o "primo Oscar", com fama de domador para amansar o bicho...nada. Não sei que fim tomou o bichinho, um dia chegamos no sítio e não vi nem o cavalinho, nem a charretinha. Os meninos nem ligaram, acho até que ficaram aliviados por se verem livres do cavalinho doido.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Motoqueiros

Porque meu pai falava que se me pegasse em cima de uma moto, quebrava a moto, o motoqueiro e eu. Então durante minha adolescência revoltada esse era o item básico para ser meu namorado...TER UMA MOTO!!! Quando eu conhecia um carinha novo nem perguntava primeiro pelo nome e sim se tinha moto. E os que eu conhecia e que já tinham uma moto figuravam sempre como primeiros na lista. Freud explica!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Carinhoso

Foi a primeira novela que eu lembro de ter assistido. Foi o primeiro disco de "adulto" que eu ganhei. E foi também a minha primeira paixão impossível por um artista de novela. Muitos outros vieram depois, mas Marcos Paulo foi o primeiro. Já não lembro da estória nem do papel dele na novela. Mas ficou a lembrança da paixonite por ele naquela época. Quando ia dormir e o sono não vinha, ficava imaginando que ele era meu namorado. E eu só tinha 8 anos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Bombom Garoto


Naquele tempo ganhar uma caixa de bombom Garoto era o must!!!
Para mim pelo menos. Criança pequena e louca por chocolates, achava aquele um presente dos deuses. Sei que o irmão mais velho ganhou uma caixa e guardou no armário dele. Nem lembro se tava guardada a muito tempo, sei que descobri e fui roubando um, depois outro, depois mais outro. Não sei também o tamanho do furto, o bastante para mim ficar preocupada e arrependida. Sei que ele chegou e viu o crime. Perguntou a todos quem tinha pegado. Eu com aquela cara de santa, fazendo de desentendida. Tornou a perguntar para mim e meu outro irmão. Novamente a negativa, já me mostrando ofendida. Então ele falou que tava preocupado, porque ele havia posto veneno nos bombons para fazer uma experiência e que quem comesse os bombons ia morrer. Não foi preciso mais nada...aos gritos e muito choro só pedia pela minha salvação.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Feita por mim

Foi no casamento da minha cunhada que eu realmente entendi o tamanho do orgulho do meu sogro pela neta mais nova. Ele sempre muito fechado mostrou-se outra pessoa, talvez pela felicidade do momento, talvez por ter bebido um tico a mais, ou talvez pelo encanto da bonequinha ainda mais linda no dia de festa. Sei que sempre que ela passava por perto ele fazia questão de mostrá-la para os amigos falando de boca cheia: -Essa é a Juju, a minha netinha linda, a mais nova!!! Eu quase explodia de orgulho carregando aquela coisinha-mais-linda-feita-por-mim nos braços.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

I love fusca

Não era dele o carrinho, era do primo mais velho. E talvez por isso mesmo, o gosto de sentar no carrinho era maior. Girava o volante prum lado e pro outro, fazia barulho com a boquinha(brummm, brummmmm), batia as mãozinhas. Nem sempre sobrava o carrinho para ele, e muito choro teve por isso. Mas quando ele o "dirigia", que felicidade a do menino!!! Hoje o menino crescido até carteira de motorista já tem. E vez ou outra diz que um dia vai ter um fusquinha. Certas paixões nem o tempo consegue destruir...

domingo, 5 de julho de 2009

Mangueira

Não era a única árvore do quintal, mas era a preferida para se subir.
Tinha também um abacateiro, um pé de laranja que parecia limão, uma jabuticabeira ainda pequena e dois de fruta-do-conde. Mas a mangueira era a rainha. Linda, alta, com galhos grossos que davam para sentar. Rainha já meio velhinha, pois seus frutos na maioria das vezes estavam bichados. Mas quando dava pra aproveitar algum...hummm...delícia!!! Docinho!!! Muitas vezes fiquei ali em cima brincando, lendo ou escondendo de alguma travessura. Meu irmão do meio também. Hoje quando vou na casa da minha mãe e olho para ela lá de baixo fico me perguntando como eu conseguia subir. Ou será que foi ela que cresceu???

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vitrolinha

Não chegou a ser uma surpresa, porque eu já vinha pedindo a um tempo. Surpresa mesmo foi saber que ela não seria só minha. Naquele natal em que ganhei a tão sonhada vitrolinha ganhei junto com ela um vale-pancadas com direito a revide. Porque dividir qualquer coisa com meu irmão do meio naquela época era impossível. Não sei o que se passava na cabeça dos meus pais, não foi a única coisa que nós dividimos. E a gente vivia aos socos e pontapés, brigava por qualquer coisinha e por nada também. Eu mais apanhava que batia...era menor, era menina. Então minha arma era fazer um escândalo. Eu berrava e chorava sem nem ter apanhado. Pena que Almodóvar não me viu atuando...Merecia um Oscar!!!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Anais anais

Alice foi mais uma das tantas funcionárias do lar que passaram por minha casa. Uma das Alices, teve outra que ficou muito tempo comigo. Sei que ela veio indicada por uma agência como diarista e foi ficando. Era grandona, vistosa, viúva e vivia de caso com algum namorado. Era também muito vaidosa, sempre "recomendava" algum produto de beleza que eu prontamente tratava de esquecer. Um dia ela chegou em casa esbaforida e foi logo falando:
-Dona Cráudia, sabia que agora tem até perfume pro cú ficar cheiroso?
-Como assim ,Alice?
-É isso mesmo, dona Cráudia. Anal num é cú? Tava escrito Anais Anais perfume...intão é perfume pro cú.
A mim só restou dar o restinho do original para ela. Mas que merecia o vidro todo, merecia...

Presentes de natal

E como era natal e todo mundo dava presente eu não poderia ficar de fora. Juntava as minhas moedinhas e ia fazer minhas comprinhas no boteco da esquina. Se eu presenteava outras pessoas não sei. Só lembro dos presentes que comprava para minha mãe e para meu pai. Para minha mãe um sabonete, desses de supermercado mesmo, tipo Lux ou similar. Teve um ano que o porquinho tava mais gordo e eu comprei uma saboneteira. Já pra meu pai era um maço de cigarro Minister(santa inocência!!!). E ia para casa toda serelepe embrulhar os "meus presentes"...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Indefectível vestidinho xadrez

Era um vestidinho xadrez como esse da foto. E ele foi tão presente em minha infância que lembro de um cartão de dia das mães que fiz ainda criança , com o desenho dela com olhos muito azuis, cabelos muito amarelos e o vestidinho xadrez rosa. Anos depois, eu bisbilhotando seu armário vi o indefectível vestidinho xadrez pendurado. E fiquei pentelhando a pobre alma, criticando pelos anos de uso daquele pobre vestidinho. Eu nunca mais o vi. E às vezes me pego bisbilhotando novamente seu armário procurando o vestidinho xadrez.

Michael Jackson

A segunda-feira foi um rebuliço só. Meus aluninhos tinham assistido no Fantástico a apresentação do clip de Michael Jackson, Thriller. Só se falava no monstro, as crianças agitadas e assustadas. Alguns com medo ficaram a aula inteira com os olhinhos arregalados e pertinho de mim. Os mais agitados, no recreio inventaram uma brincadeira de monstro em que corriam atrás dos outros com os braços levantados imitando os dançarinos do clip. Teve até quem tentasse dançar desajeitadamente como o próprio. Eu ria da situação e planejava que quando a sala estivesse naquele tumulto, ao invés de gritar pedindo atenção, quase sempre sem conseguir, ia ameaçar que ia chamar o Michael Jackson. E naquela época nem se sabia que ele gostava tanto de menininhos...